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Iara, Cora, Helena e Maria

Histórias poéticas de força

Iara é uma deusa indígena também chamada de “Mãe d’água”. O nome significa “aquela que mora na água”. De acordo com a lenda, ela foi uma índia guerreira, a melhor da tribo, e hoje vive nas águas do rio Amazonas.

Cora Coralina ou Ana Lins, Helena Leão Barbosa e Maria Aparecida da Silva, como Iara, são guerreiras. Todas as circunstâncias estavam contra elas, mas mesmo assim nadaram contra a correnteza e se obrigaram a acreditar em um futuro melhor.

A casa de Cora Coralina é abastecida de água mineral que vem do morro Dom Francisco Mascarenhas desde 1770. Dentro do porão, a água escorre por uma estrutura de madeira. Nela é projetado um poema de Cora: “de maneira subjetiva estamos dando de beber a quem tem sede de conhecimento”, disse Leonardo, guia do museu de Cora Coralina.

Cora começou a escrever poemas desde menina, mas o primeiro trabalho só foi publicado aos 75 anos. Diferentemente da maioria dos poetas, ela escrevia sobre os improváveis e dava voz aos marginalizados. Cora Coralina não conheceu Helena Leão Barbosa e nem Maria Aparecida, mas poderia ter se inspirado nelas. São histórias entrelaçadas.

O Brasil é o oitavo país com mais analfabetos no mundo, de acordo com a Unesco

          É estimado que 2,8 milhões de jovens entre 15 e 17 anos abandonam a escola a cada ano, de acordo com o Instituto Ayrton Senna. A evasão pode ser motivada por falta de acesso a transporte, gravidez na adolescência, falta de engajamento com a escola, defasagem no ensino acumulada durante anos anteriores, pela necessidade de entrar no mercado de trabalho como aconteceu com Lena e Cora. O instituto descreve esse problema como uma “tragédia silenciosa” que gera um grande impacto na vida desses jovens e também na sociedade como um todo. De acordo com a estimativa do instituto o país desperdiça R$ 35 bilhões ao ano com a saída dessas pessoas.

            Para o economista Jhonatas Bueno, a pobreza gera  a baixa educação e a baixa educação retorna a pobreza, “é um ciclo vicioso que se retroalimenta e é prejudicial para qualquer indivíduo que não tem acesso a educação”, lembra. A pessoa que não recebe uma educação adequada é excluída de várias atividades sociais, como explica a socióloga Olívia Assis, ela afirma que uma sociedade com falhas na educação não se desenvolve como deveria. “Os danos disso no contexto social são gravíssimos porque a gente perde a possibilidade de estar crescendo, desenvolvendo, amadurecendo”, reforça a socióloga.

           Uma pesquisa realizada pelo Ibope em 2018 apontou que 44% dos brasileiros não leem livros. A socióloga Olívia Assis fala que, “o hábito da pouca leitura leva a coletividade a um desenvolvimento mínimo de perspectivas a curto, médio e longo prazo”. O Programa Internacional de Avaliação dos Estudantes (PISA, sigla em inglês) funciona como um indicador de qualidade do ensino de leitura e interpretação de texto e matemática, nas avaliações do ano de 2017, o Brasil ficou em 59º lugar no índice de leitura e interpretação de texto.

            Hoje no Brasil 93% da população é considerada alfabetizada, segundo dados do IBGE, no entanto os números obtidos por avaliações como o PISA mostram que existe uma lacuna entre a alfabetização e a proficiência na educação. O Inaf possui uma escala de proficiência que separa os tipos de alfabetização. O analfabetismo funcional abrange dois grupos, o analfabeto e o rudimentar. O primeiro é aquele que não sabe ler nem escrever, ainda que consiga identificar números familiares. O segundo é aquele que  “entre outras limitações, apenas consegue localizar informações explícitas, e expressas de modo literal, em textos simples do cotidiano não sendo capaz de fazê-lo em textos diversos nem de realizar pequenas inferências”, segundo o Inaf.

Por Gabriela Zimovski 

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