É comum ouvir dizer que o povo de Brasília é frio e desanimado, se comparado com nordestinos ou cariocas. Mas há brasilienses que compensam essa fama com empatia e caridade por meio de projetos sociais.

Um deles é o Banho do Bem, que oferece banho quente, lavanderia, doação de roupa e corte de cabelo a pessoas em situação de rua da capital. Um ônibus foi personalizado com quatro chuveiros e uma caixa d’água de mil litros, que rende aproximadamente 45 banhos. 

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A idealizadora do projeto, Adriana Calil Amorim, empresária de 54 anos, se inspirou ao ver um programa de televisão que mostrava um chuveiro móvel, puxado por uma camionete, na cidade de Natal (RN). Adriana comprou um ônibus e adaptou o projeto em escala maior. A verba inicial veio do bolso da empresária, que depois conseguiu parceiros nas redes sociais. 

 

O ônibus do Banho do Bem estaciona na rodoviária todos os domingos, de 16h às 19h. É dividido em uma área feminina, com dois chuveiros, e outra masculina, com mais duas duchas. Além do banho, o projeto faz cortes de cabelo de graça, doa roupas e marmitas, entregues às 15 horas. Atualmente, o Banho conta com 1081 voluntários ativos que ajudam com a divulgação da página e a doação de materiais, mas falta gente na hora do serviço. Segundo Adriana, de 35 a 40 voluntários são necessários todos os domingos para administrar a área dos banhos e 5 voluntários para a lavanderia. 

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Uma das voluntárias é Kelly Bigate Horcel Cruz, de 43 anos, que ouviu falar sobre o projeto na padaria. Ao encontrar a página do Banho no Facebook, se inscreveu como voluntária. “No começo é muito impactante, porque você se depara com necessidades básicas. Você se sente assustado, fica com medo. Mas com o passar do tempo, aprende a lidar com eles, a respeitar e ser respeitado também”. 

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Kelly afirma que o projeto transforma vidas. “Transforma a vida deles, que são assistidos, mas principalmente a nossa. A gente passa a olhar tudo de uma forma diferente”. 

 

Todo fim de semana, aproximadamente 60 kits de higiene são distribuídos, com xampu, sabonete, sabão líquido, creme dental, escova de dente e amaciante. Também são doadas roupas e sapatos de todos os tamanhos. 

 

Uma das pessoas beneficiadas pelo Banho do Bem é o Geciney Salvador da Rocha, 30 anos. Ele afirma que ouviu um amigo falar do projeto há cerca de um mês, e desde então vai todos os domingos. A ordem dos banhos é decidida por sorteio, mas Geciney chega cedo para conseguir uma vaga. Antes de saber do projeto, ele tomava banho no Parque da Cidade ou na fonte da Torre de Televisão. 

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Adriana afirma que faz esse projeto por gratidão. “Quero agradecer por tudo o que tenho, fazendo algo pelo próximo. Porque é pra isso que estamos aqui”. 

 

Para Kelly, o Banho é o seu “curativo”. “Eu sempre chego com o coração doído, e ao invés de me machucar mais, vendo isso tudo, eu me curo. O Banho cura corações”.