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Sinal fechado na poeira das ruas

Cada vez que o sinal fecha, começa o show. Músicos, por falta de espaço para exercer a arte, encontram cruzamentos e becos para tocar e cantar. Para o equatoriano Samuel Ricardo, 40, não é diferente. Desde que saiu da terra natal, em 2011, ele tem usado a clarineta para sustentar a família. Em um minuto e meio de apresentação, Samuel espera levar um pouco de alegria para motoristas apressados e estressados na dura rotina da vida em Brasília.

“Feliz dia” é o que ele diz quando pega o instrumento, faz uma reverência e começa a tocar a música “Flor Amorosa” de Joaquim Calado. O palco é a faixa de pedestres, a plateia varia entre três e sete carros ao abrir e fechar do sinal na 507 norte. As buzinas de motos que atravessam a W3 e os barulhos de escapamentos de ônibus na parada não desanimam o músico. Em movimentos para frente e para trás, subitamente observa o sinal de pedestres que o avisa a hora de encerrar o pequeno show. Ele finaliza as notas e faz reverência de novo. Agradece alto por terem-no escutado, tira o chapéu da cabeça e passeia em meio aos veículos, atento às motos. Samuel não espera nada em troca, e aguarda o momento do próximo show.

Histórias com música

POR CAMILLA GERMANO

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