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Desenhe de novo, Sam! 

“A arte é minha vida, cara.

Eu gosto quando as pessoas valorizam, quando elas se surpreendem com a arte, com meu trabalho”.

Carlos Santos da Silva ou Sam, 48 anos, é um entre os milhares de brasileiros que procura viver dos sonhos. Morador de Taguatinga, o desenhista trabalha há 15 anos pelas ruas, bares e centros turísticos de Brasília. Segue uma rotina religiosa de trabalho de segunda a segunda, vara madrugadas e busca eternizar os frequentadores dos estabelecimentos locais em carvão e papel.

 

Cabelos negros presos em um coque com fios brancos que evidenciam a experiência e a luta diária. Pele morena, rosto cansado pelo olhar baixo, marcado pelas horas de trabalho nas noites da capital federal. Facilidade para sorrir com leveza, apesar das mãos ásperas e inquietas. Quando à toa, Sam faz linhas em sua pele, como se estivesse a desenhar. Um hábito antigo adquirido quando era criança.

 

Filho de um bombeiro hidráulico e uma dona de casa, o caricaturista adquiriu gosto pelo desenho por influência do pai, José Alves da Silva. “Ele rabiscava ali para passar o tempo dele e eu sempre observando, mas nada de incentivo. Então, continuei desenhando e me arriscando”.

 

O desenho acompanhou o artista em todas as fases da vida, desde a escola até o mercado de trabalho. Ele abandonou um emprego estável na área de contabilidade para viver da arte. “Do primeiro grau até a faculdade, eu desenhei um monte de gente e o que me deixa mais feliz é quando falam: ‘Poxa, eu tenho um desenho que tu fez pra mim lá na terceira série!’”.

 

Sam não é um homem comum. Apesar de ter alcançado a felicidade por meio da própria arte, o caricaturista ainda não se sente realizado. A próxima meta é viajar o mundo. “Consegui comprar meu apartamento, saí do aluguel com esse trabalho. Hoje, eu tenho mais controle das minhas finanças, mas para me sentir realizado, eu preciso fazer um teste fora do país. Aí tenho projeto para ir para o Canadá, Portugal, e um novo sonho hoje é trabalhar na Disney. Uma amiga minha contou que lá tem muitos caricaturistas, aí eu fico assim, ‘Que massa! O cara caricaturiza na Disney véi!’”, assim conhecendo gente do mundo todo”.

Também fui retratado!

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POR LUIZ EDUARDO CERTAIN

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